sábado, 20 de fevereiro de 2010

EmPLACAndo


EmPLACAndo
Música, voleibol e inclusão social

Juventude e música sempre formaram uma dupla inseparável e, na maioria das vezes, o resultado é positivo. É o caso da Banda Placa Luminosa, criada na década de 1980, integrada por jovens macapaenses oriundos de diversos grupos musicais. A “Placa” logo estourou e caiu no gosto dos amapaenses.
No inicio de suas atividades, os jovens músicos não visaram apenas o aspecto comercial do seu trabalho, e mostraram que nasceram com a sensibilidade social, levando sua arte para as praças de Macapá. Assim nascia o Carnaval do Povo, onde os menos favorecidos poderiam brincar sem despesas apreciando uma música de primeira qualidade.
Hoje com mais de 25 anos na estrada, a maioria dos integrantes da banda, de cabelos grisalhos e avôs, continuam com o espírito visionário, e partiram para o Carnaval do Norte. Assim possibilitaram que os moradores da região Norte de Macapá pudessem brincar um carnaval de rua, no mesmo nível daqueles realizados na beira-rio ou sambódromo.
Com o trabalho consolidado, os eternos rapazes da Placa Luminosa estenderam posteriormente suas múltiplas atividades a outros municípios, como em Mazagão, com a Escolinha de Voleibol Acendino Jacarandá, em Mazagão Velho.
Porém, o melhor de tudo isso é o trabalho que um dos braços da banda, o Placa Esporte Clube, criado em 2003, vem realizando em surdina. A inclusão social através do vôlei, uma das modalidades, carro-chefe do clube, que desde sua fundação já foi 37 vezes ao pódio, sendo campeã da Liga Nacional de Clubes masculino e vice-feminino de 2007, em São Luiz do Maranhão.
De acordo com Carlos Augusto Gomes, o Carlitão, um dos idealizadores, incentivador e batalhador do clube, a menina dos olhos do grupo é o trabalho esportivo e de inclusão digital para crianças e portadores de necessidades especiais. Uma meta que em sendo alcançada em parceria com o Centro de Ensino Especial Raimundo Nonato, localizado na cidade de Macapá.
Para o Carlitão, esse trabalho tem um verniz de luz espiritual, pois ao participar do grupo “Os Setentrionais”, no inicio de sua carreira artística, conheceu o tecladista do grupo, apelidado de “Estrábico”, filho da Terezinha “Branca”, uma das empresárias da noite, pioneira de boates em Macapá. “Após a criação da banda Placa, seguimos caminhos diferentes. O jovem tecladista veio a falecer, situação desconhecida por mim”, narra Carlos Augusto.
Anos depois, o grupo procurou uma entidade escolar que pudessem realizar parceria no trabalho social do clube, a inclusão digital para jovens e crianças, e proporcionar prática esportiva para crianças, jovens, adultos e portadores de necessidades especiais.
“A Escola que nos recebeu de braços abertos e adotou nosso projeto foi a ‘Raimundo Nonato’, que para minha surpresa era o nome daquele jovem tecladista que conheci no inicio de minha carreira. Hoje, temos em nossa equipe de vôlei cinco alunos que competem e são vencedores no esporte que é utilizado como trabalho terapêutico”, emociona-se Carlitão.
“Além do vôlei, montamos um laboratório de informática que é utilizado pelos alunos portadores de deficiência mental, através de programas próprios para pinturas e desenhos. Assim como pelos deficientes físicos, que utilizam equipamentos (pinceis com ponta de chapinha de metal) para teclarem e assim serem inseridos no mundo da Internet”, finaliza Carlitão.
Torneio Interno
Uma das promissoras atletas do voleibol feminino amapaense e grande estrela do Placa Esporte Clube, Heloisa Maiara, 14 anos, foi em dezembro de 2008, violentamente assassinada pelo cunhado. A diretoria do clube encontrou uma maneira de homenagear a atleta instituindo em seu calendário de eventos o Torneio Interno de Voleibol “Heloisa Maiara”, cuja primeira versão ocorreu em julho de 2009, quando foi realizada a entrega, à sua genitora, de um quadro com o uniforme que a atleta utilizou em sua última competição.
O Placa Esporte Clube, criado em 7 de setembro de 2003, é uma organização sem fins lucrativos, reconhecida como Entidade Pública no estado do Amapá pela Lei de nº 1.237 de 11 de junho de 2008.

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